Mangabeira reuniu-se com deputados nordestinos a propor a transformação do Nordeste numa China brasileira! O Nordeste é a nossa China. Pode ser a nossa China no mau sentido ou no bom sentido. Será a nossa China no mau sentido se for apenas um manancial de trabalho barato. Será a nossa China no bom sentido se virar uma grande fábrica de engenho e de inovação. Eu, se fosse um deputado federal, pegaria pesado com esse menino, o Unger, por me fazer perder o meu tempo com conversinhas. Eu, na qualidade de um cidadão comum, já lhe diria umas boas. Esse rapaz é um poço de retórica vazia e generalidades. Qual será, efetivamente, o trabalho que ele realiza num ministério em tudo patético, para justificar seus proventos? Bom, para um ministério patético, um ministro patético... Em tempos de crise mundial gravíssima, um ministro, auxiliar do executivo, ao invés de trazer projetos concretos a serem implantados, defende que o Nordeste vire “uma grande fábrica de engenho e inovação”. O que seria isto, concretamente? Ao que eu saiba, devaneios argumentativos cabem - no máximo e com limites - às casas parlamentares, como o próprio nome indica, Congresso Nacional e câmaras de vereadores. Ministros são empossados para a ação, direcionada pelo Presidente, para trazerem soluções a problemas detectados, estabelecerem prioridades e campos de ação e gerirem orçamentos e recusos humanos. Mangabeira, porém, não disse qual será exatamente a sua proposta [ele não tem uma!], preferindo falar apenas dos princípios de ação. O primeiro deles, afirmou, é construir o ideário abrangente, entendido como uma causa nacional. Além disso, defendeu a organização de uma campanha que ajude a levar o Nordeste para o centro do debate. Vejamos: “ideário abrangente”; “causa nacional”; “levar o Nordeste para o centro do debate”... É uma tal de Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos que este moço dirige. Não seria mais apropriado um Ministério do Clichê? Até o deputado Julio Cesar, do Piauí, reagiu: Isso tudo é muito teórico. Se não houver uma lei específica determinando o cumprimento de medidas, o projeto não sairá da retórica. O projeto está no campo das idéias. O Nordeste não precisa de idéias, precisa de ações. Como "medida prática", Mangabeira propôs aos parlamentares a criação de uma nova escola média, que combine o ensino geral de orientação analítica e capacitadora e um novo tipo de ensino técnico, que substitua a aprendizagem de ofícios rígidos pelo domínio de capacitações práticas flexíveis e genéricas. Esta, também, é uma idéia originalíssima e que vem dando resultados fabulosos por onde quer que tenha sido implantada. Unger também defendeu mais blablablá: 1) a concorrência cooperativa entre as empresas, sob uma coordenação estratégica dos governos estaduais; 2) definiu ainda como indispensáveis grandes projetos industriais, como de siderúrgicas e refinarias de petróleo, mas desde que sejam executados com o objetivo de transformar a vida econômica e social do local em que são construídos; e 3) defendeu, também, a injeção de recursos nacionais na região. Vejamos: “concorrência cooperativa entre empresas” (alguém ensine a este ministro que, no capitalismo, cooperação e concorrência são antagônicas e autoexcludentes, por favor); outra pérola: “transformar a vida econômica e social do local em que são construídos” (que coisa bonita!). Finalmente, em grande estilo: "Não se organiza o Nordeste sem a transferência de recursos nacionais para o Nordeste, mas o mais importante é que haja um projeto"... Isso garoto! Você entendeu! É preciso um P-R-O-J-E-T-O, e para elaborar projetos factíveis, a partir de análises conjunturais realistas (dados técnicos, vocação regional, aspectos geográficos, sociais, econômicos e culturais etc.) é que você é pago com nossos impostos...
(Crédito de citações: Agencia Estado - 1/4/2009)